Gosto muito de jogar video game, mas nunca me envolvi com jogos de lutas. Meu interesse são games de esportes, como o futebol. Existe algum problema nisso?
Os games realmente parecem apenas um passatempo, mas são um fenômeno que merece avaliação mais profunda. Desde que Steve Russel inventou em 1962 o primeiro game, chamado Spacewar, houve até hoje uma verdadeira explosão. Atualmente, existem no mercado mais de 5 mil modelos diferentes, e ainda com a expectativa de que haja um crescimento de mais de 70% nos próximos cinco anos. Só nos Estados Unidos, durante o ano 2000, foram vendidos 215 milhões de jogos. Eles estão por todos os lugares: lares, Internet e nas Lan Houses, que são ambientes especiais com vários computadores de última geração, conectados em rede.
Esse crescimento tem despertado muitos estudos e pesquisas. Cerca de 3 mil já foram realizados, apresentando tanto benefícios quanto prejuízos. Os benefícios mais divulgados são: agilidade mental, sistematização do raciocínio e competitividade. Sem dúvida, essas características ajudam os que precisam enfrentar a vida e o mercado de trabalho. Precisamos avaliar, porém, até que ponto esses benefícios compensam os prejuízos. Não existem outras formas mais saudáveis de desenvolver essas mesmas características positivas?
A verdade é que, independente do tipo de jogo, os riscos são muito grandes. O maior deles é o vício. Mesmo que os jogos não sejam violentos, têm a tendência de viciar, pois uma pessoa gasta até 100 horas para dominar um video game típico. Por trás do vício aparecem ainda a dependência e o mau uso do tempo. “Os viciados em games chegam a jogar 24 horas por dia sem parar, reagindo à abstinência da mesma forma que os dependentes de álcool e outros entorpecentes”, disse numa entrevista o psicólogo Hakan Jonsson, especialista no tratamento de jogadores compulsivos. Segundo ele, não há praticamente diferença entre viciados em corrida de cavalos, cocaína ou games, independente do tipo de jogos.
Existem vários motivos para o surgimento desse vício, mas normalmente ele se desenvolve pelo fato de os games terem forte apelo visual, garantirem incrível imersão do jogador no “ambiente” do jogo e recompensarem os jogadores de acordo com seu sucesso e esforço através de pontos, novas fases, bônus, etc. Além disso, permitem que os jogadores tenham um controle que não têm na vida real, e isso tem uma atração muito forte.
É preciso lembrar, porém, que o vício é uma das coisas mais ofensivas a Deus, pois domina o maior presente que Ele deu aos seres humanos na Criação – a liberdade de escolha. Deus aceitou o risco de ver toda a Criação comprometida para deixar o homem escolher livremente. Ele sofre ao ver decisões erradas, mas não interfere na liberdade de escolha. Por isso, não dá para aceitar qualquer coisa que venha controlar essa liberdade, deixando uma pessoa escrava de seus desejos.
Ellen White já previa o aumento da oferta dos mais variados tipo de jogos nos últimos dias, quando disse: “As condições do mundo mostram que estão iminentes tempos angustiosos… Os homens têm-se enchido de vícios, e espalha-se por toda parte toda espécie de mal.” (Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 280.) Sem notar, a pessoa vai se prendendo cada vez mais. Ela pode se envolver com um jogo que recompensa quem rouba carros, constrói cidades ou mata inimigos. Pode montar civilizações, comandar uma cidade, lutar contra uma gangue de rua, salvar uma princesa das garras de um monstro, ou liderar um exército de cavaleiros. Todas essas são aventuras possíveis de viver sem precisar sair da segurança de casa. Um jovem cristão, porém, enxerga mais longe. Não vê apenas a oferta, mas enxerga também seu preço. Vê até onde ela vai levar. Está vacinado contra as diferentes formas de vício que Satanás costuma oferecer.
Estou lhe falando bastante sobre o problema do vício porque talvez seja a conseqüência mais comum e de maior impacto espiritual. Contudo, a lista dos prejuízos vai mais longe. O envolvimento com video games pode causar:
1. Cansaço físico por causa da diminuição ou até falta do sono noturno.
2. Cansaço visual, olhos ardentes e ressecados, pois uma pessoa concentrada pisca três vezes menos.
3. Isolamento do convívio social e do contato humano.
4. Dificuldades de atenção.
5. Limitação do vocabulário e da conversação.
6. Diminuição do hábito da leitura.
7. Desumanização e mecanização do comportamento.
8. Estímulo a comportamentos agressivos em função do tipo de jogo utilizado ou pelo excesso de cansaço. Essa foi a conclusão de uma pesquisa com 200 crianças entre 8 e 13 anos, dirigida pela psicóloga Maria Isabel Leme, da Universidade de São Paulo.
9. Risco da imitação dos personagens. Foi o que aconteceu com o estudante Mateus da Costa Meira, que em 1999 disparou tiros de submetralhadora na platéia de um cinema em São Paulo, matando três pessoas. Ele repetiu exatamente as mesmas seqüências do game Duke Nuken. Desde a entrada no cinema, no banheiro, a escolha e regulagem da arma, enfim, tudo foi uma infeliz repetição na vida real do que ele via nas cenas do game.
10. Falta de sensibilidade diante de problemas sérios e da realidade diária.
11. Passividade, com a vontade inibida e o raciocínio bloqueado, devido aos movimentos repetitivos e predefinidos.
12. Afastamento da realidade por encontrar um “habitat” no mundo virtual. Quando os games são “pesados” a situação é pior, pois a pessoa passa a encarar com naturalidade a violência, as mortes, as torturas e o sadismo. Eles são desligados de toda conseqüência moral ou espiritual.
13. Baixo rendimento e aproveitamento escolar por causa do cansaço físico e mental devido a longas horas dedicadas aos jogos.
14. Ligações perigosas, criando familiaridade com demônios de todo tipo: zumbis, xamãs (feiticeiros), vampiros, Ets, dragões, criaturas deformadas, andróginas, bem como se familiarizar com seus nomes : Diablo, Jersey Devil, Pokémon (monstros de bolso), Speed Devils, Dragon Quest, etc.
15. Vulgarização da violência levando os crimes mais graves a parecerem simples.
16. Aumento da pressão arterial, pois a atividade cardiovascular é diretamente influenciada. Quanto maior é a violência do jogo, mais sobe a pressão arterial.
17. Problemas de coluna, em função da postura irregular durante horas de jogo.
18. Tendinite e L.E.R (Lesão por Esforço Repetitivo) causados por repetições excessivas de movimentos de mãos e braços.
Fique longe do vício e de toda esta lista de prejuízos. Por mais que alguns jogos lhe atraiam, e pareçam até inocentes, Deus tem uma vida melhor para você. Experimente dar a volta por cima:
Tomando uma decisão. Sua primeira atitude deve ser decidir mudar e acabar com aquilo que lhe prende. Siga o conselho de Salmo 119:9-11.
Buscando a ajuda de Deus. Só ele pode mudar sua vontade. Faça disso o grande motivo de suas orações. Mesmo que o hábito já tenha se transformado em vício, dois conselhos preciosos de Ellen White podem ajudar: “Na força conquistada pela oração e estudo da Palavra… abandonará o vício” (Atos dos Apóstolos, pág. 467), e “o único remédio para o vício é a graça e o poder de Cristo.” – A Ciência do Bom Viver, pág. 179.
Desenvolvendo novos hábitos. Para mudar e vencer é preciso ocupar o tempo com outras coisas úteis. Descubra áreas que lhe atraem e busque maneira de se envolver com elas. Ellen White recomenda: “Uma das mais seguras salvaguardas contra o mal é a ocupação útil, ao passo que a ociosidade é uma das maiores maldições…” – Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, pág. 275.
Praticando atividades físicas. Elas também apaixonam, mas fazem isso de maneira construtiva e saudável em todos os sentidos.
Mudando de amigos. Busque uma turma que tenha outros hábitos e que possa lhe envolver em atividades mais saudáveis.
As tentações de Satanás são fortes, e por isso mesmo não é fácil entender ou mudar hábitos e gostos pessoais. É preciso estar em sintonia com Cristo e decidir ser fiel a qualquer preço para poder resistir. “Satanás diz ao jovem que ainda haverá tempo, que ele pode condescender com o pecado e o vício só esta vez e nunca mais; mas esta única condescendência envenenará toda a sua vida. Não se aventurem uma vez sequer em terreno proibido.” –Testemunhos Para a Igreja, vol. 2, pág. 409.
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